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Gordura visceral: o que é, por que se acumula e como ela afeta sua saúde

*Essa matéria conta com a colaboração do médico Dr. Ian Branco

A gordura visceral é um tipo de tecido adiposo localizado dentro da cavidade abdominal, envolvendo órgãos vitais como fígado, pâncreas e intestinos. Diferente da gordura subcutânea, que fica sob a pele e funciona como reserva energética de longo prazo, a gordura visceral tem um comportamento metabólico ativo e influencia diretamente o funcionamento do organismo. 
Segundo o **Dr. Ian Branco, Médico do Núcleo GA, “esse tecido está em contato direto com o fígado por meio do sistema portal hepático, o que faz com que suas alterações impactem de maneira imediata a regulação da glicose e dos lipídios no sangue. Por isso, a gordura visceral é considerada um preditor mais importante de risco cardiovascular do que o próprio índice de massa corporal”.

O acúmulo desse tecido não está restrito a pessoas com sobrepeso ou obesidade. Indivíduos com peso considerado normal também podem apresentar excesso de gordura visceral, em um quadro conhecido como obesidade metabolicamente ativa. “Esse fenômeno acontece porque fatores hormonais, nutricionais e comportamentais favorecem o depósito de gordura abdominal. O estresse crônico, por exemplo, aumenta os níveis de cortisol, hormônio que estimula a adipogênese visceral. Já a alimentação rica em frutose — comum em refrigerantes e ultraprocessados — sobrecarrega o fígado e favorece a produção de gordura na região abdominal”, explica o médico. Além disso, esse tecido secreta substâncias inflamatórias, como TNF-α e IL-6, que perpetuam um ciclo de inflamação e resistência insulínica, aumentando ainda mais os riscos metabólicos.

Na prática clínica, a avaliação começa por métodos simples, como a medida da circunferência abdominal. Para a população brasileira, valores acima de 94 cm em homens e 80 cm em mulheres já indicam risco aumentado. Quando necessário, exames de maior precisão, como tomografia computadorizada e bioimpedância multifrequencial, permitem quantificar a gordura visceral de forma mais detalhada,o que auxilia no acompanhamento de pacientes com maior risco cardiovascular.

Aspectos hormonais e genéticos também desempenham papel importante nesse processo. Alterações em hormônios reguladores da fome e da saciedade, como leptina e grelina, além da redução da adiponectina, criam um ambiente propício ao depósito visceral. “A genética explica ainda por que algumas pessoas acumulam mais gordura abdominal do que outras, mesmo com hábitos semelhantes. Períodos como a menopausa e a andropausa são fases críticas em que observamos maior vulnerabilidade”, destaca o Dr. Ian.

Alguns sinais de alerta indicam que a gordura visceral pode estar impactando a saúde: aumento progressivo da circunferência abdominal mesmo sem variação significativa de peso, triglicerídeos elevados associados a HDL baixo, glicemia de jejum alterada e marcadores inflamatórios persistentemente altos. O médico afirma: “Esses dados, quando avaliados em conjunto, apontam para um risco metabólico que deve ser acompanhado de perto”.

Atualmente, existem estratégias eficazes para prevenir e reduzir o excesso de gordura visceral. Protocolos de exercício intervalado de alta intensidade (HIIT) mostram resultados superiores ao aeróbico contínuo na redução dessa gordura específica. Ajustes nutricionais, como redução de açúcares simples e ultraprocessados, aliados a uma dieta rica em fibras e proteínas magras, também são fundamentais. Além disso, o manejo do estresse e a qualidade do sono têm papel direto no equilíbrio hormonal e, consequentemente, no controle da adiposidade visceral. Em situações selecionadas, medicamentos como a metformina e agonistas do GLP-1 podem ser utilizados como recurso adicional, sempre acompanhados de mudanças no estilo de vida.

Para o Dr. Ian, compreender a gordura visceral como um alvo terapêutico é essencial. Mais do que uma questão estética, trata-se de um fator determinante para a saúde metabólica e cardiovascular. “Nosso objetivo não é apenas reduzir o peso corporal, mas melhorar o funcionamento do organismo como um todo,com objetivo de promover um envelhecimento saudável e qualidade de vida”, conclui.

**Dr. Ian Branco 
CRM-BA 34167 - Médico