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Inflamação crônica e emagrecimento: entenda como esse processo silencioso trava seu metabolismo

*Essa matéria conta com a colaboração do médico Dr. Fabrício Belanda

Dr. Fabrício Belanda explica os impactos da inflamação crônica no metabolismo e como combater esse obstáculo


A inflamação crônica pode afetar a perda de peso mesmo com uma dieta equilibrada e rotina de exercícios. Diferente de uma inflamação aguda — como uma febre, dor de garganta ou uma torção no tornozelo — a inflamação crônica é silenciosa, persistente e age em um nível celular. “É como um fogo baixo que não apaga. Com o tempo, ele compromete o metabolismo, os hormônios e até o funcionamento de órgãos vitais”, explica o **Médico do Núcleo GA, Dr. Fabrício Belanda.

Essa inflamação contínua ocorre quando o sistema imunológico permanece ativado por longos períodos, mesmo sem infecção aparente. O corpo entra em estado de alerta permanente, o que pode sabotar os mecanismos naturais de regulação do peso. Ela interfere na sensibilidade à insulina, prejudica a queima de gordura como fonte de energia, desacelera o gasto energético e aumenta a retenção de toxinas: “O corpo entra em modo de autoproteção, preservando gordura e reduzindo o gasto energético. Isso explica por que, mesmo com hábitos saudáveis, o emagrecimento pode não acontecer”, afirma o médico.

Além disso, ela compromete a comunicação hormonal — um fator essencial para a regulação da fome, saciedade e uso de energia.
Mesmo sem sintomas clássicos como dor ou febre, o corpo dá sinais de que está inflamado. Entre os mais comuns estão:

Dificuldade para emagrecer, mesmo com dieta e treino;
Cansaço frequente e sono não restaurador;
Inchaço, retenção de líquidos e aumento de medidas abdominais;
Queda de cabelo, pele opaca e envelhecimento precoce;
Sintomas emocionais, como ansiedade, irritabilidade e "mente nublada";
Exames laboratoriais como PCR-us, ferritina, insulina de jejum e homocisteína também podem ajudar a identificar esse estado inflamatório.

De acordo com o Dr. Fabrício Belanda, um dos efeitos mais relevantes da inflamação crônica é sua relação com a resistência à insulina, um dos pilares da dificuldade de emagrecimento: “A inflamação interfere nos receptores de insulina, dificultando a entrada da glicose nas células. O corpo, então, produz ainda mais insulina, agravando o processo inflamatório”. Esse ciclo de mais inflamação, mais resistência, mais gordura, é um dos gatilhos da síndrome metabólica e do acúmulo de gordura visceral, especialmente na região abdominal.

O que colocamos no prato pode ser combustível para a inflamação — ou um remédio poderoso contra ela. Dietas ricas em ultraprocessados, açúcares refinados, farináceos e óleos vegetais como soja e canola tendem a aumentar os marcadores inflamatórios no sangue.

Por outro lado, uma alimentação anti-inflamatória pode transformar o cenário. “Vegetais, gorduras boas como azeite, abacate e ômega-3, além de especiarias como cúrcuma e gengibre, têm efeito direto na redução da inflamação. Comer bem é um ato de autocuidado bioquímico”, reforça o médico. Além da alimentação, outros fatores têm influência decisiva na inflamação crônica. Os principais aliados do processo anti-inflamatório são:

Sono regular e de qualidade;
Atividade física frequente, mesmo de baixa intensidade;
Gestão do estresse (com meditação, terapia ou respiração consciente)
Redução de álcool, açúcar e fumo;
Cuidado com a saúde intestinal e equilíbrio da microbiota;
Evitar exposição a toxinas ambientais e agrotóxicos.

Check-ups preventivos com olhar metabólico também ajudam a mapear e controlar processos inflamatórios silenciosos.
Apesar da inflamação, ainda é possível emagrecer, no entanto, o processo tende a ser mais lento, desmotivador e difícil de manter a longo prazo. De acordo com o Dr. Fabricio, o ideal é tratar a inflamação antes de iniciar um plano de emagrecimento ou, ao menos, em paralelo.

“Desinflamar o corpo é como destravar o metabolismo. Quando o organismo deixa esse estado de alerta constante, ele passa a responder melhor à alimentação, aos treinos e até aos suplementos”, afirma o médico. Por isso, mais importante do que apenas cortar calorias é regular o ambiente interno do corpo. Um organismo inflamado resiste à perda de peso e só depois de restabelecer esse equilíbrio é que os resultados consistentes e duradouros começam a surgir.

**Dr. Fabrício Belanda 
CRM - SP  223.210 - Médico